quarta-feira, 14 de setembro de 2011

15 de Agosto de 2011

15 de Agosto de 2011 (01:00): Dizemos, às vezes, que o tempo voa, mas acho que o que acontece com o tempo é que nós o deixamos escapar. A forma como a ampulheta ou a clepsidra contam o tempo, descrevem bem como o deixamos escapar. As férias da Páscoa, assim como a interrupção lectiva, chegaram e acabaram e são já uma memória distante. Por aqui, o tempo tem estado a mudar e a chuva tem aparecido mais, pois ao calor está sempre associado o aumento da humidade, indicadores de que o Verão está aí. Ainda há um ou outro dia em que o tempo está fresco e agradável, mas são já peças de colecção.
Tenho passado o tempo a fazer coisas para o IPOR – coisas que era suposto ter terminado há muito, mas como o grau de coordenação motora dos meus dedos não é grande, sofro as consequências. Paciência: quem não tem cão, caça com gato. Tento organizar-me da melhor forma possível para recuperar o tempo perdido. Além de almoços e jantares com amigos, ainda houve tempo para assistir a um concerto do Gilberto Gil no CCM, e de uns dias em Banguecoque. Os almoços e jantares com amigos... O concerto do Gilberto Gil, a começar pela música de um artista de quem nada conhecia. Um dos grandes, entre tantos que há no Brasil, mas, tanto quanto me parece, sem o mesmo nível de aceitação de António Jobim ou de Chico Buarque. (Isto era o que havia até 1 de Junho de 2011. Era para ter havido mais coisas, mas tudo quanto houve foi exames finais escritos e orais e mais trabalho para o manual)
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O tempo não voa e os olhos pesam: é a vontade de fazer muito a cada segundo que passa. Às vezes, há tanto para fazer que escolhemos deixar algumas para trás. Como muitas vezes acontece, isso não implica que nos tenhamos esquecido delas. É o caso deste espaço. As aulas estão mesmo à porta – as do Instituto de Formação Turístico (IFT)  começam na segunda-feira. É a altura de preparar tabelas de avaliação e de faltas, de mandar para o caixote de lixo do computador cópias de documentos que não vamos precisar. Há sempre as expectativas de sempre – quantos alunos são por turma, serão pessoas interessadas, farão muito barulho. A questão importante para mim é a se eu consigo fazer com que eles se interessem e se eu vou conseguir passar-lhes os conhecimentos de forma adequada. São incógnitas a que não consigo responder de forma proficiente – vendi a minha bola de cristal a um criador de fábulas, o qual, tanto quanto consegui apurar, tem feito bom uso dela.
As férias em Portugal foram revigorantes, mas não foram tranquilas. No entanto, os muitos quilómetros tiveram boas causas a justificá-los. Foi óptimo ver e sentir o céu azul que ia de nós até às distantes linhas de horizontes – muito difíceis de ver em Macau – e de rever amigos e familiares. Fiquei muito feliz por poder ter estado com amigos que já não via há um par de anos e infeliz por, primeiro, não ter havido oportunidade para estar com outros amigos com quem havia estado no ano anterior e, segundo, por não ter podido estar novamente com alguns dos outros aigos com quem estive. Todos os dias têm o mesmo tempo e não é possível fazer nada sem gastarmos tempo – aliás, o único conceito aplicar conceitos com 'compra', 'trocas' ou 'devoluções'. Houve pessoas que gostaria de er visto e não vi porque não foi possível – não consegui tornar possíveis esses encontros. Voltar para Macau custou-me muito, em especial porque a Cátia não regressou comigo. Está em Maçambique a fazer voluntariado, um gesto que mostra o quanto é desapegada e o quanto gosta de fazer bem, uma experi6encia que não é para toda a gente. É preciso um carácter especial. Ela é uma pessoa especial para mim... e para muita gente.
A nossa 'tournee' passarou por Ponte de Lima, Gerês/Pousada da Juventude de Vilarinho das Furnas, Guimarães, Aveiro – fomos ao Vagos Open Air, eu aos dois dias, a Cátia só ao primeiro – e Lisboa, com uma passagem e uma ida ao Entroncamento. A experiência do Vagos Open Air foi engraçada. O festival teve lugar na Lagoa do Calvão, a cerca de 23 quilómetro de Aveiro. A zona é sossegada e longe da cidade, o que o sítio um óptimo lugar para um festival de metal. Quem vivia nas poucas e esparsas casas das redondezas, não teria o mesmo ponto de vista. Ainda assim, o som não estava muito alto e aquilo acabava cedo. A Cátia gostou da experiência. Vimos os Tiamat e os Opeth, duas bandas suecas, cujo som é dominado pela melancolia, mesmo nas partes mais pesadas das suas canções. O ambiente era simpático e o sentido de humor de Mikael Akerfeldt, vocalista, guitarrista e mentor da banda. A comida e a bebida eram barata – sandes a 1,5 euros, garrafa de água de 1,5 litros a 1 euros,...
Mais houve, mas ficará para depois. Notícias e mais memórias para breve. (O que mais houve foi trabalho de preparação das aulas, preparação do manual, jantares fora, leituras e muitíssimas saudades da Cátia – um beijo.) Obrigado.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

9 de Abril de 2011

Budas de Luamprabang, Laos
Esplanada, Luamprabang, Laos
No Mekong, Luamprabang, Laos


Em Hanói, Vietname

Lago Ho Tay, Hanói
Templo em Luamprabang, Laos
Cátia, Rogério e Sandra no Laos
9.Abril.2011 (01:02): coisa engraçada, a forma como o tempo passa: lembra-me o que disse uma escritora italiana de cujo nome não me lembro e que dizia que a felicidade não era assunto para a escrita, pois era uma algo que era para ser vivido. Estava a pensar nisto por saber que há muito que não dou conta das minhas aventuras na terra do lótus dourado.
Ia voltar atrás, a Janeiro, ao meu dia de anos, uma quinta-feira, em que não fiz festa. As prendas foram boas e foram de pessoas de quem gosto muito. Recebi um boné, umas coisas do Tolkien – um título editado postumamente por um filho dele e um conjunto de cinco volumes que retratam a história da Terra Média, um Nokia E5 – um aparelho moderno que eu e a Cátia tínhamos visto num cartaz em Banguecoque... e a Cátia lembrou-se – e, finalmente, um gira-discos. Quem o ofereceu foi uma senhora de uns grandes olhos verdes e de um sorriso ainda maior e mais franco. Foi muito amor de alguém ao lado de quem acordo e ao lado de quem me deito e com quem passo a maior parte dos meus sorrisos e dos meus outros estados de espírito. Confesso que, quando recebi o prato das mãos da Cátia fiquei um pouco perplexo. Foi bastante inesperado. Nunca tinha tido um que fosse mesmo meu; havia muito tempo que não pegava num vinil para o pôr a trabalhar. Agora ia passar a poder fazê-lo.
Acabaria por fazer a festa de anos no sábado, num restaurante tailandês com mais ou menos uma vintena de amigos. Depois da janta, fomos ao Roadhouse, um bar aqui em Macau que tem música ao vivo e que, fora isso, aposta no rock e no blues. O ambiente daquelas paredes de tijolo a imitar o antigo, decorado com fotografias várias. Não me dizem nada as motas, mas as do Jimi Hendrix, do Stevie Ray Vaughan, do Chuck Berry e do Lemmy dizem-me bastante. É o local nocturno onde melhor me sinto. Quando lá chegámos, estava o Zico – um músico que mora em Macau – e a banda dele – residente no Roadhouse à sexta-feira – a tocarem. Eles acabaram por acabar e nós continuámos lá mais um bocado até que nos viemos embora. Foi um bom sábado rodeado de amigos. Faltou a manifestação física dos amigos de Portugal, mas não foram esquecidos.
Mais festas, almoços e jantares houve depois disso. Também depois disso, a 28 de Fevereiro, começaram as aulas dos segundo semestre. Desta vezos módulos que me calharam foram o sexto e o quarto, este uma novidade ao qual estou a adaptar-me relativamente bem, apesar de, às vezes, me pôr a pensar como é que vou ensinar certas matérias. Enfim, há decisões que se vão tomando no momento. Olhando com atenção para os textos e pensando um pouco sobre eles consigo sempre chegar a uma solução, embora nem sempre ache que o consiga fazer da melhor forma.
As últimas duas semanas forma marcadas por duas idas a Hong Kong e pela preparação para o Dia Aberto no IPOR. Há duas semanas, eu, a Cátia, a Paula e o Pedro fomos ver a companhia de dança da Pina Bausch, a apresentar uma peça originalmente de 1982 de nome Carnation – eu lembrava-me de ver o cartaz da senhora de cabelo curto liso e louro, roupa interior – camisa e cuecas – branca de sapatos de salto alto pretos com um acordeão ao peito. Vimos a peça, a qual tinha mais teatro do que propriamente dança. Eu gostei muito, ainda que me tivessem escapado muito dos conceitos que estavam por detrás das coisas. Dentro do grupo dos que estiveram presentes, as opiniões divergiram: houve quem não tivesse gostado, houve quem tivesse gostado menos. Findo o espectáculo, fomos ter com umas amigas, ao mesmo tempo que íamos pensando onde é que iríamos jantar. Resolvemos esperar por elas num bar irlandês próximo do hotel onde elas estavam. Elas lá acabaram por aparecer e, passados uns minutos, o nosso local de espera temporário passou a local para jantarmos. Depois do jantar, fomos a Long Kwai Fong, uma concorrida zona de bares onde toda a gente está apinhada na rua a ouvir em simultâneo música alta proveniente dos vários bares. A cacofonia reina... Desta vez, achámos que estava pior do em ocasiões anteriores e, por isso, ficamos lá pouco tempo. Não me lembro se estávamos cansados ou se era tudo aquilo que nos roubava as forças – leia-se paciência. A verdade é que voltamos para Macau relativamente cedo.
Este sábado, o último do mês de Março, foi um dia cheio e que começou com o Dia Aberto, algo para o qual todos os professores que trabalhavam para o IPOR – residentes e não – se tinham andado a preparar durante as cerca de duas semanas anteriores. Eu preparei uns cartazes, nos quais os alunos do módulo 4 falavam, usando o Pretérito Imperfeito, de actividades do quotidiano no passado, enquanto que com os alunos do módulo 6 preparei uma ´peça de teatro´ em que eles puderam entrar todos. Pus-lhe o nome “À espera de professor” e é uma história de alunos que esperam por um professor que nunca chegará, pois virá a ter uma intoxicação alimentar. O filme foi gravado, editado e misturado no portátil. Ficou caseiro, vale o que vale. O sábado de manhã foi atarefado, com os últimos preparativos a roubar-me a hora de almoço. Acabaria por não aparecer muita gente na minha sala – nem sequer distribuí t-shirts, pois eles já as tinham `apanhado` no andar de baixo. Houve alguns – poucos – alunas minhas que por lá apareceram, mas pouco mais. Também por lá passaram uns miúdos aos quais mostrei Carlos Paredes, Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Clã, Dead Combo, A Naifa e Ena Pá 2000. Às 17h10, fomo-nos embora e, antes de ir para Hong Kong, fui a casa comer qualquer coisa – comi sushi que a Cátia me tinha trazido.
Desta vez, o objectivo da nossa ida a Hong Kong era vermos um concerto da Ute Lemper com o sexteto Astor Piazolla. Chegámos ao terminal e os bilhetes para o nosso porto habitual em Hong Kong estavam esgotados – era por causa de uma competição qualquer de râguebi que atrai muita gente, não me lembro do nome. Tivemos de apanhar um jetfoil de uma outra companhia, o qual nos levaria a Kowloon – uma área de Hong Kong – onde rapidamente passámos a alfandega. Chegámos ao centro cultural antes das 20h00, fumámos um cigarro e, quando entrámos na sala, já o concerto tinha começado. Esperámos que a música acabasse e só então nos deixaram ocupar os nossos lugares. O concerto foi muito bom: todos os músicos em palco eram excelentes e a persona de palco da Ute Lemper estava muito bem composta. Entre canções, por vezes contava pequenas histórias. Tal como com Pina Bausch, as opiniões divergiram. A principal queixa foi em relação ao som da voz da Ute Lemper, que tinha excessiva reverberação. Eu, na altura, não percebi logo sentido das queixas, pois os instrumentos pareciam estar bem misturados, não parecia graves em excesso. O som parecia seco... e isso contrastava com o da voz. Depois achei que podia ser da posição em que estávamos, que nesse ponto da sala se ouviria daquela maneira. Enfim...
Fomos jantar e depois eu e a Cátia fomos ao Lang Kwai Fong ter com a Bárbara e o Andrea, um casal de amigos nossos. Ela é brasileira e ele é italiano e são muito boa onda. Desta vez, o Lang Kwai Fong estava apinhado para alem daquilo que eu podia imaginar. A custo, furámos pelo meio da multidão e lá chegámos ao nosso ponto de encontro, um bar na Hollywood Road, que é onde – sabê-lo-ia depois – os italianos se encontram. Estivemos todos em frente ao dito bar um bocado e depois fomos a uma discoteca, o Drops. Mais um sítio cheio de gente e com a música alta – devo dizer que o prémio “Local Com Música Ensurdecedora” vai direitinho para o D2, uma discoteca de Macau. Estivemos no Drops uma meia hora, após a qual saímos para o espaço em frente à discoteca, um local com poucas pessoas. Fumámos um par de cigarros, conversámos e depois separámo-nos e foi cada um para seu lado, com a promessa de nos encontrarmos em Macau. Chegaríamos a Macau às 5h15, deixando para trás uma noite bem divertida. No domingo, acordámos às 18h30 e, depois da primeira refeição do dia, eu e a Cátia fomos tratar dos nossos assuntos. Fomos depois jantar a um restaurante japonês com a Paula, o Pedro e o David – o irmão da Cátia. Finda a refeição, fomos ao Pacific Coffee beber um café e continuar a conversa. Depois, viemos para casa.
Esta semana, as aulas continuam e continuarão até ao fim da semana, como tudo, de resto. Tudo continua e tudo muda: tudo? Sim, por mais pequena que seja a mudança. Nem sempre tanto como esperamos, raramente como a imaginamos. Macau está a ser uma terra boa para mim. Veremos o que acontece amanhã. Até depois.

domingo, 9 de janeiro de 2011

10 de Janeiro de 2010


Angkor Wat
Angkor Wat (interior)

Angkor Wat (interior)

Angkor Wat (interior)
Phnom Penh (noite)





Choeung Ek (interior da stupa)

Presidência do Conselho de Ministros, Phnom Penh

Phnom Bakeng

Ta Prohm

Tuol Sleng S-21

Tuol Sleng S-21

Tuol Sleng S-21
Angkor Thom

9 de Janeiro de 2011 (01:00): Aqui da frente de combate oriental, um bom ano! Esta entrada começou a tomar forma às 23h25 em Koh Samet, uma ilha tailandesa a poucas centenas de quilómetros de Banguecoque.
O fim das aulas foi feito de momentos agradáveis, com os alunos de várias  das turmas envolvidos em actividades diversas, como as do desejo de boas festas em cantonês e em português, a produção de cadáveres esquisitos e recitação de poemas, esta última contando com o envolvimento dos meus alunos. Findas as aulas e até ao dia de Natal, tudo girou à volta da preparação do jantar da Consoada e da abertura das prendas, tudo feito em nossa casa com a presença de amigos – quem teve mais trabalho com isto foi a Cátia. Foi bom o convívio, como sempre; aqui não foi diferente.
Houve peripécias várias à volta das prendas de Natal, as quais levaram à troca das inicialmente pensadas por outras. Eu e a Cátia recebemos presentes de que gostámos muito. Gostámos muito dos presentes que recebemos um do outro – eu recebi um iPod Nano, um livro com a s letras do Nick Cave e os três volumes de “O Senhor dos Anéis”, numa bonita edição da Harper Collins. A Paula e o Pedro ofereceram-me outro livro de JRR Tolkien, de nome “A lenda “, o qual foi completado/organizado por Christopher Tolkien, filho do autor. Depois das prendas e de mais dedos de conversa, foi a vez de desejarmos  um bom Natal – sobretudo – à família, o que nos levou madrugada fora. acordámos e fomos almoçar ao Iam Cha – sem sentido: não é o nome do restaurante e a designação significa 'tomar chá' –  com mais amigos para depois alguns de nós irmos lá a casa para o café. Nós ficámos e para o jantar, contámos com a presença da Bárbara e do Ruca, um casal amigo nosso. Mais uma ocasião para troca de presentes e dois de conversa regada a bebidas várias.
Depois preparámos a mochila para, na manhã seguinte, às 11h10 rumarmos a Banguecoque, a capital da Tailândia. Já cá tinha estado um par de vezes, mas apenas em trânsito. Nem sequer tinha entrado na cidade, pois o aeroporto fica a uns bons quilómetros da dita. À nossa espera no aeroporto estava o Dah, um taxista tailandês que a Cátia conheceu há uns anos. pessoa afável, simples e muito prestável, como teria ocasião de comprovar.
A Tailândia é, ã primeira vista, um país bastante diferente dos seus vizinhos. É mais industrializado e mais desenvolvido – é esse o sinal que nos dão as infra-estruturas rodoviárias. A capital tem cerca de 12 milhões de habitantes e alguns centros comerciais gigantes e arranha-céus e uma rede de transportes aceitável – os autocarros estão, no entanto, a cair de podres. As diferenças praticamente terminam aqui. A qualidade de vida da população tailandesa, apesar de superior à dos seus vizinhos, é baixa. Olhamos para as pessoas e para as ruas e isso é visível: muita sujidade e algum pó. No entanto, há muito movimento e muita vida na 'terra dos sorrisos', que vive sobretudo do turismo. Depois – olho para o tecto do exterior do bungalow onde estamos e vejo lagartixas – de uma infrutífera ida à estação de comboios para indagarmos da possibilidade da ida para o norte do país, deixámos as nossas coisas na pousada Take A Nap e fomos ao Weekend Market ver o que por lá havia. Havia muita coisa, mas apenas eu comprei alguma coisa – uma t-shirt de manga comprida dos Motorhead. Comemos por lá e – já entrei no ano 2011 e, por isso, a memória dos acontecimentos não é das mais claras – depois voltámos para o nosso quarto, onde descansámos um pouco. Voltámos a sair para o jantar no Paragon, um centro comercial enorme a cerca de 3 ou 4 quilómetros, percurso que fizemos a pé por, depois de termos olhado para o mapa, termos pensado que era pouca a distância. Foi curioso passarmos da rua e de quem lá vivia ou andava para aquele centro comercial de luxo – será exagero meu, depois de termos pago perto de 3,5 euros por uma bica? A verdade é que o número de tailandeses presentes na área comercial dimuiu bastante, dominando a presença dos mais abastados da Europa e da Ásia – sobretudo chineses e indianos.
Jantámos, estivemos com uns amigos com quem nos encontrámos e voltámos de táxi, não sem primeiro termos tentado pelos nossos próprios meios – ou será que isso se passou durante a tarde? Não... o taxista é que estava com dificuldades em encontrar o sítio. Não me lembro a que horas acordámos no dia seguinte, mas sei que tivemos de mudar de quarto. Lembro-me agora: fomos ao aeroporto buscar uns amigos. O Hugo, a Luciana e a Andreia foram para Banguecoque, enquanto a Olga e a Sandra forma comigo e com a Cátia para Ayuttayah fazer turismo cultural, guiados pelo Dah. Visitámos o Bang-Pa-In Palace, o Wat Yai Chaya Mongkol – 'Wat'significa templo –  e o Parque Histórico de Ayuttayah. Templos – lugares de budas, gigantes e não só, assim como de outras divindades – e palácios luxuriantes do rei presente e dos reis de outrora.. Foi visita que demorou perto de um dia. Também vimos budas decapitados e em processo de restauração.
Foram muitos quilómetros com paisagens e pessoas semelhantes a alguns dos países desta zona do sudeste asiático. Sem esquecer a presença crescente de turistas chineses e indianos. Quando voltámos para Banguecoque, já tinhamos quarto reservados na My House, uma hospedaria perto da Kaosan Road, onde os turistas de mochila às costas são a população dominante. É uma zona densamente povoada por pessoas, como eu naquele momento, às quais se tentam vender livros em segunda mão, cds e dvds pirateados, t-shirts e outras bugigangas. Há também lojas, nas quais a oferta de produtos é semelhante, com excepção de um ou outro artigo. O regateio é a arma habitual, ainda que, às vezes, nem assim se consiga um preço aceitável. Aqueles turistas são, apesar de algumas limmitações, pessoas com poder de compra e a vida do tailandês naquela cidade não é tão miserável se ele for bem sucedido nos seus esforços. É a selva urbana à medida dos doces sonhos dos multimilionários invisíveis, donso de corporações multinacionais. O nosso quarto custou cerca de 350 bat, cerca de 10 euros. Nào tinha uma tomada eléctrica e era velho e pequeno, com uma ventoínnha no tecto. A água pingava do lavatório sempre que o usávamos: cano roto; o asseio andava pelos níveis mínimos.
Levantámo-nos às 06h45 para apanharmos o autocarro que, cerca das 07h30,  nos levaria a Koh Samet. Bom, fomos de autocarro parte do percurso, com o restante a ser feito numa carrinha de caixa fechada, pequena para o número de pessoas que levava, num percurso que demorou cerca de meia hora. Chegámos e esperámos cerca de 20 minutos até que, finalmente, pudemos apanhar o barco até Koh Samet. Chegámos e apanhámos um táxi, uma carrinha de caixa aberta, na qual passámos pela aldeia cheia de lojas e apinhada de gente e entrámos no parque natural – entrada pela qual pagámos cerca de 5 euros – cheios de  resorts feitos de bungalows, num dos quais ficámos duas noites. A zona da ilha era tranquila, com uma pequena praia a uns metros de onde dormíamos.
A caminho do sítio acabámos por conhecer um iraniano de nome Ali, que viajava sozinho. Estivemos a falar um pouco durante a tarde do primeiro dia e nunca mais o vimos. No dia seguinte, acordámos às 7h20 e, ainda antes do pequeno-almoço, demos um mergulho. Depois da refeição matinal, voltámos para a areia, onde passámos o dia, ora a ler, ora a dar mergulhos. A noite chegou, passou e deu lugar à manhã do terceiro dia, que começou com o pequeno-almoço antes dos últimos mergulhos de água salgada e doce daquele local. Pegámos nas nossas coisas e metemo-nos num táxi – custou 200 bat, cerca e 5 euros: um roubo, mas nada a fazer – que nos levou de volta ao aporto de Koh Samet, onde apanhámos o barco. Feita a travessia, comemos um mau arroz frito com vegetais e regressámos a Banguecoque numa carrinha a gás de nove lugares.
Muita estrada e muitas construções de vário tipo que retratavam bem o grau de riqueza de poucos e a pobreza de muitos. Muitas estradas e auto-estradas, muitas delas levando à capital de um país onde o rei adoentado é tão venerado como um deus – na Tailândia o crime de lesa-majestade não é uma figura de estilo. Os retratos do rei estão em toda a parte – é ver para crer! – e em todo o tipo de situações. Politicamente, ele é o elemento moderador da política local.  A impressão com que fico do que sei da situação leva-me a crer que ele é o único 'obstáculo' à guerra civil. Voltando à – pequena – história, chegámos à capital cerca de três  horas e meia depois da nossa partida. O Dah foi-nos buscar e levou-os ao Take A Nap. Tínhamos à nossa frente mais três dias naquele local e os níveis de excitação não seriam de molde a prender-nos ali.
Algumas horas depois, ficava resolvido o nosso regresso a Macau ao início da tarde do dia seguinte. E assim aconteceu: fomos para o aeroporto e procedemos às formalidades habituais – desta vez, não tivemos de descalçar o que trazia nos pés! Chegámos a Hong Kong às 20h15 e, uma hora depois graças à condução célere do taxista, apanhámos o jetfoil para Macau às 21h15, onde chegámos uma hora depois. Fomos a casa, deixámos lá a nossa bagagem, pegámos numas passas e numa garrafa de champanhe e fomos até casa da Paula e do Pedro, onde estavam vários outros dos nossos amigos e familiares. Fomos para a frente dos Lagos Nam Vanh e, à meia-noite, ao som e à luz do fogo-de-artifício, comemos as passas formulando desejos, bebemos champanhe e desejámos uns outros um bom ano de 2011, oito horas antes do mesmo acontecer em Portugal. Dali fomos ter com outros amigos ao Grand Lisboa e seguimos para o Club China, onde estavaainda outro grupo de amigos nossos, como os quais estivemos um bocado. Eu estava cheio de fome e, matando dois coelhos de  uma cajadada só, fomos à procura de comida e fomos ao MGM – casino, hotel, etc. – ter com outro grupo de amigos. Estivemos lá outro bocado e voltámos ao Club China, onde acabaríamos por terminar a noite, com o Grande Álcool – uma espécie de Cronos: é compara o 'velho deus Whiskey' dos Ena Pá 2000 com Zeus – a fazer sucumbir ao seu poder vários do spresentes.
Fomos para casa, dormimos e umas horas depois não almoçámos em casa: fomos ao Boa Mesa, onde a refeição foi tomada na companhia da Paula, do Pedro, da Lina e do João e da mãe do Pedro, Maria do Carmo. Ficou combinado que iríamos jantar à Petisqueira e cada um foi mais ou menos para seu lado. Pelo meu, foi à procura de vinis em segunda mão, mas o que acabei por comprar foram uns bons CD em segunda mão, a saber: Pere Ubu “Worlds In Collision”, Gruppo Sportivo “Sucker Of The Century”e Tom Waits “Big Time”, este uma edição especial em caixa comprida, e com seis músicas que não cosntavam da edição original. Depois fui para casa e a Cátia também e, passado um bocado, já era hora de partirmos para a Petisqueira, onde, como é hábito, fomos muito bem servidos. Foi grande o pesar de alguns dos presentes saber que já não havia mousse de chocolate ali, coisa afamada. Foi um episódio extraordinário. Depois, andámos um pouco e fomos para casa.
Daí para cá, forma noites bem dormidas, o convívio com os amigos de Macau e o recomeço das aulas. Dentro em breve, haverá exames finais e depois uma pausa para a interrupção lectiva. Por agora é tudo. Até breve.

sábado, 18 de dezembro de 2010

!8 de Dezembro de 2010

18 de Dezembro de 2010 (23:46) – Que notícias há? Bom, o The Standard (TS) abria a sua edição com um anúncio da Value Partners, empresa de gestão... ia continuar com as notícias dos jornais, mas deixou de fazer sentido.
O dia 4 de Novembro foi de ida para o trabalho e de regresso a casa para almoçar e para pagar à Lorna, a empregada que me limpa a casa e me passa a roupa a ferro. Ela diz que para conseguir fazer tudo precisa de mais uma hora. Ainda vou decidir. Voltei para o IPOR e tratei apenas – ou quase – de assuntos de trabalho. Tentar tocar os bois todos para a frente é difícil. No dia seguinte, depois das aulas, tive um final de noite inesperado. Divertido. Foi fascinante ver a quantidade de mobília depositada nas ruas e ainda em boas condições – fui ajudar um amigo carregar uns cadeirões de bambu que uma amiga viu junto a uns caixotes de lixo e os quais eram para a loja que ele vai abrir. Depois destes episódios, os detalhes do dia-a-dia dos restantes dias perderam-se no turbilhão da sucessão dos acontecimentos em andamento rápido. A cidade continua com o mesmo movimento de sempre e o trabalho também. Provavelmente falta de capacidade minha, mas os esquecimentos têm-se sucedido. No entanto, nem sempre. As festas vão acontecendo, houve mesmo duas dois fins de semana seguidos. Uma foi um jantar, o qual começaria mais tarde porque alguns dos convivas – eu incluído – tinham ido ver os Blasted Mechanism.
Nunca os tinha e gostei. Cenicamente, a banda é apelativa e tudo está de acordo com o universo filosófico e discursivo dela. Musicalmente, não me parecem tão interessantes. Timbricamente, sim; quanto à estrutura e à consequente dinâmica interna, nem por isso. As canções são muito semelhantes entre si – o andamento de cada uma das canções é semelhante. Isto parece um bocado impressão à crítico musical, mas depois de ver o concerto fiquei com a impressão de que eles prometem mais do que depois acabam por dar. Visualmente, muito elaborados e fora do vulgar; musicalmente, o alternativo deles é relativamente convencional – nem vou começar a falar dos Coil ou assim... lembrei-me dos Hedningarna e dos Stealing Orchestra. Os Blasted Mechanism são bastante bem sucedidos e as ideias são, dentro de certos parâmetros, apelativas. Não foi tempo perdido.
Voltando ao assunto central, esse jantar só acabaria às seis e meia da manhã. A festa seguinte foi um pós-jantar que começou às 10 da noite e acabou às sete e meia da manhã do dia seguinte. O bom espírito reinou nas duas, embora o ambiente desbragado tivesse reinado na segunda. A casa, que está viva comigo e com a Cátia – na verdade, tem tudo a ver com a Cátia... – ganhou mais uns amigos, espero eu.
No fim de semana de 14 e 15, eu e a Cátia fizemos um ano de namorados. É curiosa a velocidade que o tempo às vezes parece ter. é bem sabido que um minuto tem sempre 60 segundos, mas a verdade é que não temos a sensação de namorarmos há tanto tempo. É prova que a relação é saudável e está viva. Eu gosto muito desta mulher.
O ponto alto foi quando fomos ao restaurante do Hotel Mandarim Oriental, de 5 estrelas, para um jantar que não é possível descrever sem utilizar, o adjectivo soberbo – creio que sem a presença da soberba... Não importa, a verdade é que escolhemos o Menu de Degustação, composto por 9 pratos. Cuisine française, mas poso dizer que não fiquei com fome, bem pelo contrário, foi, de facto, uma experiência espantosa, facto ao qual não era alheio o ter ao meu lado a senhora que tinha. Falar da comida – falar do amor não é para todas as ocasiões – e da experiência de ter estado naquele restaurante não é tarefa fácil, pois a qualidade da confecção – o apuro do sabor – estavam para além da experiência das minhas papilas gustativas. Tentei eternizar cada grama de comida o mais que pude e, se calhar, consegui. Não houve um único prato de cujo sabor não tivesse gostado. Os pratos estiveram à altura da ocasião, num espaço onde a minha t-shirt branca não se sentiu intimidada.
Eu e a Cátia também fomos a Zhuhai buscar um fornecimento de DVD's. Trouxe uma caixa de todos os episódios do Monty Python's Flying Circus, outra caixa com todos os filmes do Fellini, outra com os filmes do Kusturica, a segunda série do “Sons of Anarchy” - aparece o Henry Rollins a fazer de chefe dos neo-nazis – e também videos musicais: Eminem, Blue Cheer e Heaven & Hell. O do Eminem foi uma desilusão: uma encenação fraca e, musicalmente, fez, com excepção de duas ou três músicas, um medley dos maiores êxitos dele. Os Blue Cheer ainda não vi. Os Heaven & Hell, banda composta por Tommi Iommi. Geezer Butler, Vinnie Appice e o falecido Ronnie James Dio, então com apenas 64 anos. O concerto foi bom, foi um prazer ouvir a voz do Di, além de poder testemunhar, não só a forma afável e sóbria como se dirigia ao público, mas também a genuína simpatia de que tantos falavam.
O dia a dia normal
Budas do Camboja na Calçada da Vitória
As grades nas janelas
Os dias da semana são passados no trabalho, a preparar material para o trabalho e, em casa, a ler, a escrever ao computador ou então a ver episódios do “Dexter”, com Michael C. Hall, um dos actores principais do “Sete Palmos Debaixo de Terra”. A representação dele é muito boa, embora o argumento seja mais linear do que o do série que o tornou famoso. O actor faz de serial killer que, durante o dia, é o especialista de sangue da equipa forense da polícia de Miami.
Os próximos dias também serão bastante atarefados, pois há actividades de Natal para preparar com os alunos. Veremos como corre a leitura de poesia e a produção de cadáveres esquisitos, ambos tendo como tema de fundo o Natal. Há dias que nos deixam, enquanto professores, com uma sensação de inutilidade. Às vezes, essa sensação aparece, em parte, porque o silêncio quase permanente dos alunos nas aulas nem sempre é fácil de suportar. O fim de semana que agora está a chegar ao fim, foi muito bom. Ontem fomos a uma festa de Natal numa tasca no Cais 22, zona junto ao Rio das Pérolas, onde se a conversa e a cerveja fluíram naturalmente. Hoje a tarde foi mais tranquila, pois fomos a um concerto de música clássica, organizado por um amigo, e cujo tema era o Natal. Para além de canções de Natal, algumas com interpretações em registo jazz, o destaque foi para excertos do “Messias” de Haendel. Tudo isto foi seguido de um bom jantar. Foi bom estar ali a ouvir. Estes concertos começaram em Junho e continuarão para o ano que vem. Brevemente, mando mais notícias da frente de batalha.